quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Homenagem Póstuma à Gentil do Orocongo

Músico catarinense que manteve a tradição de instrumento milenar por 40 anos.

Gentil Camilo Nascimento Filho, o Gentil do Orocongo, nasceu em Siderópolis em 1945, foi para Florianópolis ainda na infância morar na comunidade de Mont Serrat (conhecido como morro da bica d’água). Dedicou-se à pesca e apaixonou-se pelo som que vinha da casa vizinha, onde morava Raimundo, filho de um cabo-verdiano (do arquipélago africano de língua portuguesa). Era o orocongo. Gentil, que nunca estudou música aprendeu com Raimundo a tocar de ouvido e a fazer o próprio instrumento. Fabricou um orocongo a partir do repenique a pedido da Escola de Samba Copa Lord. Gentil trabalhava como vigia numa escola básica estadual, na sua comunidade no Morro Antão.

Quando não estava trabalhando na escola, tocava seu orocongo, um instrumento de origem africana, conforme o músico Marcelo Muniz, diretor de Música da Fundação Catarinense de Cultura, "o orocongo se propagou pela África junto com a religião islâmica, mas não deu origem a nenhum instrumento moderno por ser muito sensível: rico em microtons sem sons intermediários". Marcelo afirma ainda que há pelo menos mais duas variações da denominação do orocongo: urucungo, no Nordeste (em iorubá significa "existe nele um buraco" e é o nome antigo do berimbau), e até aricongo, em Florianópolis.

O som do orocongo assemelha-se ao choro humano. Na forma, parece um violino rústico, com apenas uma corda, tocado por um arco e apoiado na altura do diafragma, o orocongo é confeccionado com a casca de coco ou com o fruto do porongo (também conhecido regionalmente por catuto). O braço é de madeira. Originalmente, a corda do arco era feita de crina de cavalo, e a do instrumento, de tripa. Cada orocongo é único, pois tem uma afinação distinta devido à forma de fabricação.

Gentil tirava todo o tipo de música do orocongo. Seu repertório valorizava as canções locais ­ "Rancho de Amor à Ilha", de Zininho, e "Vou Botar Meu Boi na Rua", do Engenho ­, passa por "Asa Branca", de Luiz Gonzaga, e vai até as origens com as modinhas que aprendeu com o vizinho: "Ah, ah! Fruta do conde/ castanha do Pará/ a fruta que eu mais gostava/ que nesta terra não há". O repertório de Gentil do Orocongo era baseado na tradição oral das músicas de roda, do Terno de Reis, o Cambucí, Décimas, Xote, Baião e músicas da cultura açoriana. Gentil disse uma vêz em um evento do SESC: "É uma satisfação a gente persistir por 40 anos num instrumento meio esquecido e de repente ser reconhecido".



Na década de 80, Gentil tocou seu orocongo para a gravação de um CD-ROM "Vozes do Brasil", da editora Ática, e o som plangente do instrumento abre a faixa-título do disco "Vou Botar Meu Boi na Rua", do grupo Engenho. Em 2003, O músico foi a atração de mais uma temporada do Circuito Catarinense de Música, promoção do Serviço Social do Comércio (Sesc).

Em 2006, na terceira etapa do projeto Sonora Brasil do Sesc em Pernambuco, o músico Gentil do Orocongo e seu Conjunto, participaram do evento como atração musical e gravaram um cd na cidade. No mesmo ano, o público catarinense teve a oportunidade de ver Gentil do Orocongo, mais uma vez, tocando na programação inaugural do Espaço Cultural Embratel, no tributo a Cruz e Sousa. O instrumentista era o único brasileiro que tocava o orocongo, o que tem lhe garantiu convites para se apresentar por todo o país com a inclusão do projeto: Documentos Sonoros do Instituto Itaú Cultural.


Gentil do Orocongo no Calçadão da Felipe Schimidt. Seu CD "Cantando e contando histórias" produzido por Daniel da Luz do Iriê foi lançado em 2006 pela Iriê Produtora.
No ano de 2007, O cineasta Lur Gomez cruzou nas ruas de Floripa com aquela figura tão particular, conhecida por Gentil do Orocongo, tirando sons daquela única corda. Viu aquele homenzinho tocando na Felipe Schmidt e decidiu fazer um documentário sobre a fabricação e o som do orocongo.
No dia 19 de novembro de 2009, morre aos 64 anos, devido complicações por causa da Diabete. Gentil passou um período internado, recebeu alta e foi para casa onde veio a falecer. Sua morte deixou o mundo da música mais triste, foi velado na comunidade onde morava. Amigos e conhecidos se despediram dele no Dia da Consciência Negra, na igrejinha de Nossa Senhora do Mont Serrat, O enterro aconteceu no cemitério do Itacorubi.

O Brasil perdeu uma figura impar de SC, que ficava com seu exótico instrumento, no Mercado Público, nas suas cantorias que eram um misto de africanas e açorianas, que contavam a  história da sua vida e da sua música.
FONTE:
http://www.floripacultura.com

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Poesia - Homenagem 120 anos Siderópolis




Cidade de Siderópolis/SC
Siderópolis, minha terra!
 Maria Lurdete Da Boita Bez Birolo
No início Nova Belluno
Trazendo um pouco da Itália
Deixaram marcas profundas
E uma historia que marcha.

Riquezas aqui se percebe
Banana, milho, feijão...
Resicolor, Ino, Olivo, Tubozam, Entec...
E a grande fonte, o carvão.

Na cultura, quanto orgulho!
Tantos filhos já formou
Mostrando que na força do estudo
Muitas vidas transformou.

O Valdo na seleção
Tambem o Brasil representou
Em 90, com emoção
Da copa,  participou.

Patrono da Academia, Aldo Baldim
Na historia da cidade, canta
Deonisio da Silva, para a ALASI
Como presidente de honra, encanta

E como obras de fé
Anunciaram é verdade
Os Orionitas no carisma
Ressaltando a caridade.

E a querida Siderópolis
Prossegue na tradição
Na fé e na cultura bendiz:
Tambem orgulho a nação!